top of page

Para o STJ instituições financeiras devem provar assinatura em contrato em caso de impugnação.

  • Foto do escritor: Gutembergue Sapucaia & Advogados
    Gutembergue Sapucaia & Advogados
  • 8 de fev. de 2022
  • 4 min de leitura

A Segunda Seção do STJ, pelo rito dos recursos especiais repetitivos (Tema 1.061), definiu que, quando o consumidor/autor impugnar a autenticidade da assinatura constante em contrato bancário juntado ao processo pelo banco, caberá a instituição financeira o ônus de provar a veracidade do registro.



A tese foi estabelecida pelo colegiado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao analisar o REsp 1.846.649 – interposto por um banco contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) em Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR). Para fixação do precedente qualificado, a seção havia suspendido todos os processos em trâmite no TJ-MA. Na origem, questionou-se a probidade da conduta das instituições financeiras nos contratos de empréstimos consignados em folha pactuados entre os bancos e pessoas idosas, aposentadas, clientes de baixa renda e indivíduos analfabetos.


No julgamento do IRDR, o TJ-MA imputou às instituições bancárias, em caso de dúvida do cliente sobre a autenticidade da assinatura do contrato, o dever de provar a veracidade da informação por meio de perícia grafotécnica ou mediante os meios de prova legais ou moralmente legítimos (artigo 369 do Código de Processo Civil).


Por meio do recurso especial, o banco argumentou que as assinaturas devem ser presumidas verdadeiras e que eventual impugnação de autenticidade/veracidade deve ser provada por aquele que requer a dilação probatória respectiva. Disse ainda, que a imposição automatica do ônus da prova para a instituição financeira, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, violaria a regra processual vigente de distribuição do ônus probatório.


Exceção ao ônus probatório trazido pelo artigo 429 do do atual código de processo.


Em seu voto, o ministro Marco Aurélio Bellizze explicou que a regra geral estabelecida pela legislação processual civil é de que cabe ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito e ao réu demonstrar, caso os alegue, os fatos novos, impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor.


Porém, Bellizze ressaltou que, quando se trata de prova documental, o artigo 429 do CPC/2015 cria uma exceção à regra, dispondo que ela será de incumbência da parte que arguir a falsidade de documento ou seu preenchimento abusivo, e da parte que produziu o documento quando se tratar de impugnação da autenticidade da prova.


“A parte que produz o documento é aquela por conta de quem se elaborou, porquanto responsável pela formação do contrato, sendo quem possui a capacidade de justificar ou comprovar a presença da pessoa que o assinou”, disse o relator.

Demonstração de veracidade da assinatura no contrato O ministro também lembrou que " a corte da cidadania" tem entendimento no sentido de que os efeitos da inversão do ônus da prova não têm o poder de obrigar a parte 'ex adversa' a pagar as custas da prova requerida pelo consumidor, não obstante implique àquele a obrigação de arcar com as consequências jurídicas decorrentes da sua produção.


“Aqui não se cuida de inversão do ônus probatório com a imposição de a casa bancária arcar com os custos da perícia, mas sim quanto à imposição legal de a parte que produziu o documento suportar o ônus de demonstrar a veracidade da assinatura constante no contrato e oportunamente impugnada pelo mutuário, o que abrange a produção da perícia grafotécnica”, esclareceu.

Outra observação feita pelo ministro é de que não se pode afirmar que o fornecedor, nas relações regidas pelo direito do consumidor, deverá arcar com a produção da prova pericial em toda e qualquer hipótese, mas apenas que será ônus seu, em regra, demonstrar a veracidade da assinatura aposta no contrato. Cooperação entre os sujeitos do processo para uma solução com efetividade.


Além disso, o relator enfatizou que as ações repetitivas que justificaram a admissão do IRDR na origem envolviam consumidores idosos, aposentados, de baixa renda e analfabetos – os quais, em sua maioria, foram vítimas de fraudes ou práticas abusivas praticadas por correspondentes bancários.


Bellizze salientou que o artigo 6º do CPC/2015 prevê expressamente o dever de cooperação entre os sujeitos do processo para que se obtenha uma solução com efetividade, devendo as partes trazer aos autos as alegações e provas capazes de auxiliar, de forma efetiva, na formação do convencimento do magistrado para o deferimento da produção das provas necessárias.


“O Poder Judiciário não pode fechar os olhos para as circunstâncias fáticas que gravitam ao redor da questão jurídica, porquanto tais demandas envolvem, via de regra, pessoas hipervulneráveis, que não possuem condições de arcar com os custos de uma prova pericial complexa, devendo ser imputado tal ônus àquela parte da relação jurídica que detém maiores condições para sua produção”, concluiu o ministro.


IRDR e recursos repetitivos


Previsto no artigo 976 e seguintes do CPC/2015, o IRDR é um incidente que pode ser provocado perante os tribunais de segunda instância quando houver repetição de processos com idêntica controvérsia de direito e risco de ofensa aos princípios da isonomia e da segurança jurídica. Verificados esses pressupostos, o tribunal de segundo grau pode admitir o incidente para a fixação de tese, a qual será aplicada a todos os demais casos presentes e futuros em sua jurisdição. Havendo recurso especial contra o julgamento de mérito do IRDR, a tese fixada pelo STJ “será aplicada no território nacional a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito” (artigo 987, parágrafo 2º, do CPC).


NA PRATICA COMO ISSO AJUDA O CONSUMIDOR ?


Esse entedimento deve ser festejado pelos consumidores, pois isso colabora muito com o direito probatório da parte vulnerável dessa relação, diante do presente repetitivo todos os tribunais e juizes devem seguir essa tese firmada, ou seja, todos ficam vinculados ao entedimento perfilhado pelo STJ.





Fonte: STJ




Comentarios


bottom of page